O TREMENDISMO COMO IDEOLOGIA
Se voltarmos as páginas da
memória e percorrermos os dias do ano que findou, encontraremos um tremendista ao
virar de cada esquina da nossa história recente. Ar pesado, palavra cerce, gesto
resolutamente inclinado à direita. Alarmista convicto terçou números, contas,
previsões. Recorreu mesmo ao responso. O coração do português andava num
sobressalto. Cada acordar, mais uma agonia: quem virá hoje? Que ameaça? Que
puxão de orelhas? O deficit não baixa? Vem aí o lobo mau de Bruxelas?
O tremendista joga com o
natural receio de cada um, manipula, quando convém, distrai sempre que está a
jeito. É um ideólogo perfeito.
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