sexta-feira, 13 de janeiro de 2017


ESQUERDA FRANCESA DESBOSSULADA

Aproximam-se as eleições primárias no PS, para escolher o candidato que irá confrontar o concorrente da direita, François Fillon, e/ou da extrema direita, Marine Le Pen. Após uma legislatura frustrante para o universo de esquerda, protagonizada por François Hollande, com a assunção de políticas claramente antipopulares, eis que 4 candidatos do PSF se apresentam nesta primeira fase:
Manuel Valls, ex-primeiro-ministro de Hollande, Benoît Hamon, ministro de 2012 a 2014, com as pastas de ministro delegado para a Economia Social e Solidária e mais tarde, ministro da Educação Nacional e do Ensino Superior, Vincent Peillon, ministro da Educação, ambos no governo Ayrault (que Valls acabou por substituir, em 2014) e, finalmente, Arnaud Montebourg que deteve a pasta da Economia, da Recuperação Produtiva e do Numérico do 1º governo Valls, en 2014, não tendo sido reconduzido na 2ª parte do mesmo governo.

 Os socialistas e eleitores de esquerda inscritos escolherão um destes 4 socialistas, já na 1ª volta das primárias, ou na 2ª volta, se nenhum alcançar a maioria absoluta. Será o candidato oficial do PSF, às eleições presidenciais.

A disputar o eleitorado mais moderado do PSF e da direita, concorre Emmanuel Macron, «ex-menino bonito», e depois traidor, de Hollande; por seu lado,  Jean-Luc Mélenchon do «Parti de Gauche», mais uma vez vai procurar obter uma votação à esquerda que bata o candidato socialista. Resta ainda o eterno partido centrista de François Bayrou, ensanduichado entre o candidato de direita, Fillon, e Macron: ambos reclamam a preferência do mesmo segmento de eleitorado.
Ainda se apresentarão outros candidatos dos Verdes, dos Radicais e, provavelmente, da extrema-esquerda.
Para o PSF, que em 2012 conseguira fazer eleger Hollande contra o poderosíssimo Sarkozy, o cenário não poderia ser mais sombrio. Hollande, não só desbaratou o apoio popular, como fragmentou o seu próprio partido, descaracterizando-o política e ideologicamente, não só devido às políticas de direita que adotou, quer internamente, quer no seio da União Europeia, como à ausência de debate político interno.
No terreno europeu, Hollande foi um quase sempre um seguidor da Sra Merkel, alinhando com medidas de estrangulamento económico e financeiro da Grécia,  pilotou uma visão estreita nos conflitos  do Médio Oriente e foi incapaz de  monitorizar uma política de razoabilidade no caso dos refugiados.
Internamente, mediou políticas sociais restritivas, impôs um conjunto de leis laborais penalizadoras e enveredou pela aplicação de medidas securitárias de duvidosa eficácia.

A perda identitária do PSF, bem como de todos os partidos seus irmãos,  tem vindo a ser tanto mais penalizadora para o povo europeu, quanto mais se foram afastando da sua matriz socialista.
Os resultados eleitorais em França, mas também a forma como o PSOE vai sair do atoleiro em que se encontra, deverão ser seguidos atentamente pelos portugueses. Encontrada uma solução estável para esta legislatura, urgente se torna a abertura de uma agenda política mais aprofundada, onde constem temáticas inovadoras e vias de sobrevivência.



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