quarta-feira, 8 de março de 2017

CAPITALISMO E TRABALHO


NOTAS SOBRE O LIVRO DE GUY STANDING, The Precariat: The New Dangerous Class, 2011
(retiradas de Alternatives Économiques, nº 366 -  março 2017)



INSEGURANÇA - A situação do precariado caracteriza-se, não só pelo emprego precário, mas também pela ausência de perspetivas de carreira, de sentimento de identidade profissional, de salários baixos, de poucas possibilidades de formação, de fracas proteções e de falta de representação sindical.
Uma parte crescente da população ativa dos países ricos desliza para o trabalho precário e alimenta o voto populista(...).
Como se chegou a este ponto? Pela «mercantilização das empresas», pela multiplicação de fusões e de aquisições, tendo como resultado uma massa de acionistas pouco preocupada com os seus assalariados. A flexibilização dos contratos de trabalho também tem a sua quota de responsabilidades. Uma vez apanhado pelo trabalho precário é muito difícil sair.
Quem são as vítimas? Mulheres e jovens não qualificados (e estes de forma exponencial, tendo em conta a crescente mercantilização da educação), sem esquecer os estagiários e os seniores. E também migrantes.Cresce o número de ilegais, a par de refugiados.A migração é cada vez mais «circulatória» (não se fica no mesmo lugar, feminina, estudantil e existe mesmo no interior das grandes empresas multinacionais, e não só a nível dos quadros.

DESAGREGAÇÃO - A par do trabalho precário, há outras transformações que atingem o mundo do trabalho. No capitalismo contemporâneo, o tempo de trabalho tende a ser de 24 h sobre 24 h, e sete dias por semana. O trabalho de domingo é apenas um exemplo entre outros. A distinção entre vida profissional e vida privada atenua-se cada vez mais: ouve-se música pessoal no trabalho e trabalha-se em casa. A pressão profissional é forte e torna-se importante ter a aptidão para impedir a auto-exploração Uma parte crescente do trabalho é realizado pelos clientes, a quem se pede para fazer a leitura de barras das compras no supermercado ou para contactar através do computador, em vez do telefone, etc.

                                                                     (autor da nota: Christian Chavagneux)



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